A vida ensina?



"Só sei que nada sei." Vou começar por aqui, embalada por Sócrates, reconhecendo minha busca eterna pelo conhecimento e meus repetidos fracassos perante a tentativa de "de-terminar" o que ele seja, ou melhor, pôr fim a essa busca.

É natural ao homem gostar de ter a verdade ao seu lado. Isso lhe confere o dom da certeza e, consequentemente, o do controle, o do poder. Vivemos a eterna batalha - conosco mesmo e com tudo ao nosso redor - por essa solidez que, ilusoriamente, nos faz crer que através dela podemos ser onipotentes. Entretanto, desde os primórdios, não temos controle sobre tudo e é exatamente essa habitual convivência com a incerteza que nos fez buscar respostas, evoluir, crescer.

Se de fato é positivo para o homem esse eterno desconhecer, por que ainda tememos admitir que não sabemos tudo? Por que ainda nos importamos com essa pseudo onipotência, quando sabemos que ninguém a detém? Por que ainda nos iludimos com a idéia de que temos que aparentar ser melhores do que realmente somos?

Quando nos confrontamos com a constatação da nossa fragilidade, é quando se descortina o nosso eu verdadeiro. Estamos ali, nus, diante da nossa completa ignorância, da nossa completa falta de controle, absortos pelo meio, pelo todo que nos engole, que nos silencia.

É aí que chega o momento mágico: o reconhecimento de que mesmo com toda a nossa bagagem, com nossa formação excepcional, com todas as nossas conquistas admiráveis, ainda nada sabemos. Oxalá, talvez "tudo" que acumulamos no decorrer da nossa vida nos sirva muito pouco ou quase nada.

E se você chegar a esse momento, a essa constatação, humildemente, reconheça-se como um ser humano como todos os outros deste planeta, e aproveite esse grande momento para aprender coisas novas, inovar, mudar seus paradigmas, percorrer novos caminhos, buscar novas fontes de saber.

"A vida ensina", repetia uma pessoa querida, que certamente tinha bastante propriedade para falar do assunto ao longo dos seus 87 anos. Ensina sim, mas há que se estar disposto a aprender.

Eu termino complementando o ensinamento que me foi passado - seguindo o progresso natural das gerações -, dizendo que a vida ensina sim, e somente aqueles que tem a humildade em reconhecer que sempre há o que aprender, são os que avançam, progridem, exercem a natureza mutável a que se destinam todos nós homens.

          Por Luciana Matos




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